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Febre aftosa

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Febre aftosa
Febre aftosa
Afta bovina causada pela doença
Especialidade infecciologia, medicina veterinária
Classificação e recursos externos
CID-10 B08.8
CID-9 078.4
CID-11 1008730501
DiseasesDB 31707
MeSH D005536
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Como ler uma infocaixa de taxonomiaVírus da Febre Aftosa
Capa de proteína do Vírus causador da Febre Aftosa
Capa de proteína do Vírus causador da Febre Aftosa
Classificação científica
Grupo: Grupo IV ((+)ssRNA)
Domínio: Aphanobionta
Reino: Virus
Família: Picornaviridae
Género: Aphthovirus
Espécie: A. epizooticae
Nome binomial
Aphtae epizooticae
Feridas da doença nos pés de um porco
Wikispecies
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A febre aftosa (FA, nome em latim Aphtae epizooticae) é uma doença viral altamente contagiosa que afeta animais biungulados, ou seja, animais que possuem dois dedos. Os mais afetados são bovinos de leite e de corte e os suínos.

O vírus causador da febre aftosa foi a primeira espécie de vírus de animais a ser descoberta. Em 1897 Friedrich Loeffler conseguiu passar soro sanguíneo de animais doentes de febre aftosa através de filtros de porcelana com poros de tamanho nanométrico. Sabia-se que esses filtros barravam todos os menores agentes de doença até então conhecidos: as bactérias. No entanto, Loeffler inoculou experimentalmente o filtrado do sangue dos animais com febre aftosa em outros animais susce(p)tíveis sadios e conseguiu reproduzir a doença, cumprindo os postulados de Koch.

Epidemiologia

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A Febre Aftosa é uma doença presente na Europa, Ásia, América do Sul e África. América do Norte, América Central e Oceania estão livres da doença. Os EUA estão livres desde 1922. A Grã-Bretanha foi afetada por uma epidemia entre Fevereiro e Setembro de 2001, com 2030 casos confirmados, tendo que sacrificar cerca de 6 milhões de bovinos, caprinos e ovinos. Houve um enorme impacto sobre a economia do país. As perdas ultrapassaram 6000 milhões de libras esterlinas (12000 milhões de dólares americanos). O último caso confirmado foi em Setembro de 2001, mas houve uma série de falsos alarmes depois disso.[1]

O vírus da FA pertence ao gênero Aphtovirus da família Picornaviridae. Seu diâmetro varia de 25 a 30 nm aproximadamente e está entre os menores vírus conhecidos. Os vírions apresentam capsídeo de simetria icosaédrica, não envelopados e seu genoma é um RNA de fita única. Quando o vírus se liga a um receptor presente naturalmente na membrana de uma célula de um hospedeiro suscetível, ocorre um invaginamento nessa região e ele é colocado dentro da célula. Sua estrutura proteica desaparece liberando o material genético no citoplasma celular. Os genes do vírus tomam conta da maquinaria metabólica de produção de proteínas da célula e passam a sintetizar as proteínas e os genes. Os genes também codificam a montagem de enormes quantidades de novos vírions e a célula eventualmente morre e se rompe. Isto libera novos vírus que infectam novas células e reiniciam o ciclo. O animal hospedeiro passa a apresentar sinais clínicos da doença e a disseminar novos vírions também para o ambiente.

Existem sete diferentes sorotipos de vírus da Febre Aftosa: O (o mais comum), A, C, SAT (South African Territory)-1, SAT-2, SAT-3 e Ásia–1. Os quatro últimos são considerados exóticos no Brasil. Os que tem mais influência na América Latina são os sorotipos O, A e C, sendo que os últimos isolamentos no Brasil demonstraram a presença do tipo O.

Sinais Clínicos

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Em geral, os sinais clínicos são severos em bovinos e suínos. Ovelhas e cabras geralmente desenvolvem infecções subclínicas. Animais selvagens podem tanto desenvolver a doença severa e até morrer, como ter infecções subclínicas ou inaparentes. Animais infectados normalmente se recuperam.

O animal afetado apresenta uma febre alta que diminui após dois a três dias. Em seguida aparecem pequenas vesículas na mucosa da boca, laringe e narinas e na pele que circunda os cascos (e que dão o nome da doença em inglês). Essas vesículas são pequenas bolhas resultantes de células afetadas pela multiplicação dos vírus que se coalesceram. Essas vesículas se rompem e o tecido conjuntivo de sustentação fica à mostra, na forma de ferimentos. O líquido celular rico em novas unidades de vírus é liberado no ambiente quando essas vesículas se rompem. O animal passa a salivar, deixando cair fios de saliva (um quadro comum) e a claudicar, em função dos ferimentos associados às vesículas. O animal deixa de andar e de comer e emagrece rapidamente. As capacidades fisiológicas de crescimento, engorda e de produção de leite são prejudicadas por várias semanas a meses. Animais novos, especialmente bezerros, podem morrer de forma aguda com miocardite derivada da infecção do músculo cardíaco pelo vírus da FA. Para um animal com FA, sua recuperação é o evento mais provável. Isto é, a taxa de letalidade da FA é extremamente baixa. Já a taxa de morbidade é extremamente alta. Isto é, praticamente todos os animais (de espécie de animais suscetíveis) presentes em um rebanho exposto ao vírus serão infectados e mostrarão sinais da FA.

Os animais que se curam tornam-se portadores convalescentes assintomáticos e colocam em risco novamente o rebanho após a perda da imunidade do rebanho (seja derivada da doença ou de vacinação) por nascimento ou por compra de animais suscetíveis.

Conforme capítulo 8.5 do “Terrestrial Animal Health code” (http://www.oie.int/index.php?id=169&L=0&htmfile=chapitre_1.8.5.htm) da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), os países e regiões (em um mesmo país) podem ser classificados como livres da febre aftosa de acordo com os seguintes status:

a) livre de febre aftosa sem vacinação: país ou zona onde a vacinação não é praticada, mas são cumpridos os requisitos estabelecidos pela OIE, como o estabelecimento de barreiras de proteção do resto do país e dos países vizinhos se eles possuírem um status diferente de saúde animal, a definição rigorosa dos limites da zona livre e a implementação de medidas regulamentares para a detecção precoce, prevenção e controle da febre aftosa;

b) livre de febre aftosa com vacinação: para se qualificar para a inclusão na lista de zonas livres da febre aftosa, com prática da vacinação, um país-membro da OIE deve ter prontidão no controle e registro das doenças animais e fornecer provas documentais de que as medidas regulamentares para a detecção precoce, prevenção e controle da febre aftosa foram implementadas e a vacinação de rotina é realizada.

O não cumprimento dos requisitos estabelecidos pela OIE pode resultar na exclusão do nome de um membro da lista de países ou zonas livres da febre aftosa. Os países-membros devem notificar à OIE, por escrito, em novembro de cada ano que a situação epidemiológica em relação à febre aftosa manteve-se inalterada.

De acordo com Keeling e outros[2], a estratégia de vacinação contra a Febre Aftosa pode ser feita com duas diferentes abordagens: a vacinação profilática, antes da ocorrência de um surto, e a vacinação reativa, feita após a detecção de um surto. Neste caso, a eliminação do rebanho doente deve ser complementada pela vacinação para proteger os animais sensíveis contra a estirpe do vírus em particular prevalente na área do surto.

Os principais determinantes da eficácia da vacinação profilática são o grau de cobertura da vacinação (a proporção de animais vacinados) e a eficácia (a proporção de animais vacinados que são protegidos).

No caso brasileiro, o artigo 17 do Anexo I da Instrução Normativa n º 44/2007 (http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/Manual%20de%20Legisla%C3%A7%C3%A3o%20-%20Sa%C3%BAde%20Animal%20-%20low.pdf), determina as seguintes estratégias e sistemática de vacinação obrigatória de bovinos e bubalinos:

a) vacinação semestral de todos os animais em um período de 30 dias contínuos;

b) vacinação semestral de animais com até 24 (vinte e quatro) meses e anualmente para animais com mais de 24 meses de idade, em um período de 30 dias contínuos. Esta estratégia pode ser adotada apenas nos estados onde o registro das propriedades rurais está consolidado e onde tenha sido realizada a vacinação semestral por pelo menos dois anos consecutivos, observando-se um grau de cobertura da vacinação superior a 80%;

No Brasil, somente Santa Catarina é considerado livre de Febre Aftosa sem vacinação. Já os demais estados da Região Sul (Paraná e Rio Grande do Sul), os estados do Acre, Rondônia, Tocantins e Pará na Região Norte, toda a Região Nordeste, toda a Região Sudeste e toda a Região Centro-Oeste são considerados livres de Febre Aftosa com vacinação.[3]

Assim, os circuitos pecuários dos estados do Amapá, Amazonas e Roraima são consideradas zonas de médio risco de ocorrência da febre aftosa, conforme o Ministério da Agricultura. Mesmo sem a ocorrência de focos, essas áreas são consideradas infectadas.[4]

Para que seja requerido o reconhecimento da OIE para os referidos Estados brasileiros, devem ser obtidas, de acordo com as normas do ministério da Agricultura, percentuais de cobertura de vacinação mínimos de 80%.

Em maio de 2014, os 178 países integrantes da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), reunidos durante assembleia mundial, em Paris, na França, declararam erradicada com vacinação a febre aftosa nos estados de Alagoas, Ceará, Maranhão, Piauí, Pernambuco e na região norte do Pará

Esse reconhecimento da OIE elevou para 210 milhões o total de animais que estão em zonas livres de febre aftosa, o que representa 99% do rebanho nacional de bovinos e bubalinos em 78% do território brasileiro. O próximo passo é alcançar a meta de um país totalmente livre da doença. Para isso o Mapa realiza um trabalho conjunto com os governos estaduais e a iniciativa privada para que Amapá, Roraima e Amazonas também sejam reconhecidos.[5]

Referências

  1. BBC. «Restrições após surto de febre aftosa» (em inglês). 21/2/2001. Consultado em 21 de fevereiro de 2014 
  2. KEELING, M.J; WOOLHOUSE, M.E J; MAY, R.M; DAVIES, G.; GRENFELL, B.T. Modelling vaccination strategies against foot-and-mouth disease. Nature. Vol 421. January 9, 2003
  3. «Estados brasileiros são certificados como livres de aftosa». Ministério da Agricultura. Consultado em 27 de novembro de 2015 
  4. LYRA, T.M.P. and SILVA, J.A.. A febre aftosa no Brasil, 1960-2002. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. [online]. 2004, vol.56, n.5 [cited 2012-01-25], pp. 565-576 (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-09352004000500001&lng=en&nrm=iso)
  5. «Oficializado o norte do Pará como livre de aftosa com vacinação». Ministério da Agricultura do Brasil. 18 de junho de 2014. Consultado em 9 de julho de 2014 

Ligações externas

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